quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Inflação
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Infla%C3%A7%C3%A3o

Mapa dos países segundo a variação nos Índices de Inflação


Em economia, inflação é a queda do valor de mercado ou poder de compra do dinheiro. Isso é equivalente ao aumento no nível geral de preços. Inflação é o oposto de deflação. Inflação zero, ou muito baixa, é uma situação chamada de estabilidade de preços.
Em alguns contextos, a palavra inflação é utilizada para significar um aumento no suprimento de dinheiro e a expansão monetária, o que é às vezes visto como a causa do aumento de preços; alguns economistas (como os da Escola austríaca) preferem o primeiro significado, em vez de definir inflação pelo aumento de preços. Assim, por exemplo, alguns estudiosos da década de 1920 nos EUA referem-se a inflação, ainda que os preços não estivessem aumentando naquele período. Mas de um modo geral, a palavra inflação é usada como aumento de preços, a menos que um significado alternativo seja expressamente especificado. Outra distinção também se faz quando analisam-se os efeitos internos e externos da inflação: externamente, a inflação se traduz mais por uma desvalorização da moeda local frente a outras, e internamente ela se exprime mais no aumento do volume de dinheiro e aumento dos preços.
Um exemplo clássico de inflação foi o aumento de preços no Império Romano, causado pela desvalorização dos denários que, antes confeccionados em ouro puro, passaram a ser fabricados com todo tipo de impurezas. O imperador Diocleciano, ao invés de perceber essa causa, já que a ciência econômica ainda não existia, culpou a avareza dos mercadores pela alta dos preços, promulgando em 301 um edito que punia com a morte qualquer um que praticasse preços acima dos fixados.
A inflação pode ser contrastada com a reflação, que é ou um aumento de preços de um estado deflacionado, ou alternativamente, uma redução na taxa de deflação (ou seja, situações em que o nível geral de preços está caindo em uma taxa decrescente). Um termo relacionado é desinflação, que é uma redução na taxa de inflação, mas não o suficiente para causar deflação.

Processos inflacionários
Os processos inflacionários podem ser classificados, segundo algumas características como:
  • Inflação prematura - processo inflacionário gerado pelo aumento dos preços sem que o pleno emprego seja atendido.
  • Inflação reprimida - processo inflacionário gerado pelo congelamento dos preços por parte do governo.
  • Inflação de custo - processo inflacionário gerado pelo aumento dos custos de produção.
Por causa de uma redução na oferta de fatores de produção, o seu preço aumenta, com o custo dos fatores de produção mais altos, a produção se reduz e ocorre uma redução na oferta dos bens de consumo aumentando seu preço. Ocorre, coeteris paribus, quando a produção se reduz.
  • Inflação de demanda - processo inflacionário gerado pelo aumento do consumo com a economia em pleno emprego. Ou seja, os preços sobem por que há aumento geral da demanda sem um acompanhamento no crescimento da oferta.
Esse tipo de inflação é causada também pela emissão elevada de moeda e aumento nos níveis de investimento, pois, coeteris paribus, passa a haver muito dinheiro à cata de poucas mercadorias. Uma das formas utilizadas para o controle de uma crise de inflação de demanda, é um redução na oferta de moeda, que gera uma redução no crédito, e conseqüente desaceleração econômica. Outra alternativas são o aumento de tributos, elevação da taxa de juros e das restrições de crédito.

Há ainda aqueles que discutem a chamada inflação (por razão) estrutural, proposta pela CEPAL, que tem a ver com alguma questão especifica de uma determinado mercado, como pressão de sindicatos, tabelamento de preços acima do valor de mercado (caso do salário mínimo), imperfeições técnicas no mecanismo de compra e venda.
Outro tipo de inflação, também muito danoso, é a Inflação Inercial, onde há um circulo vicioso de elevação de preços, taxas e contratos, com base em índices de inflação passados. Quase na mesma linha, podemos citar ainda a Inflação de Expectativas, conseqüência de um aumento de preços provocados pelas projeções dos agentes sobre a inflação.

Distorções
A inflação é responsável por diversas distorções na economia. As principais distorções acontecem na Distribuição de Renda (já que assalariados não tem a mesma capacidade de repassar os aumentos de seus custos, como fazem empresários e governos, ficando seus orçamentos cada vez mais reduzidos até a chegada do reajuste), na Balança de Pagamentos (inflação interna maior que a externa causa encarecimento do produto nacional com relação ao importado o que provoca aumento nas importações e redução nas exportações), na Formação de Expectativas (diante da imprevisibilidade da economia, o empresariado reduz seus investimentos), no Mercado de Capitais (causa migração de aplicações monetárias para aplicações em bens de raiz (terra, imóveis), e também a Ilusão Monetária (interpretação errada da relação de ajuste do salário nominal com o salário real, que gera percepção de maior renda e conseqüentemente decisões equivocadas. As pessoas, julgando-se mais ricas, demandam mais bens e serviços e, com oferta a pleno emprego, causa inflação).

O papel da inflação na economia
Um efeito da inflação de pequena escala é que se torna mais difícil renegociar alguns preços, e particularmente contratos e salários, para valores mais baixos – então com o aumento geral de preços é mais fácil para que os preços relativos se ajustem. Muitos valores são bastante inelásticos para baixo, e tendem a subir; logo, os esforços para manter uma taxa zero de inflação (nível constante de preços) irão punir outros setores com queda de preços, lucros e empregos. Por conta disso alguns economistas e executivos vêem essa inflação suave como um mecanismo de "lubrificação" do comércio. Segundo algumas escolas de economia, esforços para manter uma estabilidade completa de preços podem também levar à deflação (queda constante de preços), que podem ser bastante destrutiva, estimulando falências, concordatas e finalmente a recessão, que é o "descontrole" ou "descomando", da economia, alertado por Keynes, em sua obra que foi editada finalmente em 1936, conhecida desde então por todos os economistas do "Mundo das Ciências Econômicas".
Muitos na comunidade financeira lembram do "risco escondido" da inflação como um incentivo essencial para o investimento, ao invés da simples poupança, riqueza acumulada. A inflação, desta perspectiva, é vista como a expressão no mercado do valor temporal do dinheiro ou mais precisamente moeda, no chamado "economês" (linguagem da do mundo da ciência econômica). Ou seja, se um real hoje é mais valioso que um real daqui a um ano, devido à desvalorização dos meios de produção, fonte desse real, então, deve haver uma desvalorização também do real na economia como um todo, no futuro. Desta perspectiva, a inflação representa a incerteza ou sobre - valorização de "algo" que na verdade não existe, ou seja sobre o valor ou "renda, composta da e na moeda no e do futuro".
Segundo os economistas da Escola austríaca, a inflação (no sentido clássico), provoca efeitos sobre a estrutura de produção da economia. Numa re-acomodação, no que seria uma forma de dessa forma se fazer algo para socialmente se posicionasse redistribuindo rendas e causando uma desproporcionalidade sem rejeição, em relação ao volume de demanda para os vários setores da economia, o que Keynes, concorda, já que os preços não mudam todos juntos (coeteris paribus); e sim cada um com diferente intensidade econométrica. No caso de inflação monetária, da moeda, em si, em que a moeda é injetada no mercado de crédito(que é a moeda); o que acaba por se tornar em investimentos ineficientes aos que são criados, e o que leva finalmente, às crises econômicas.
A inflação, entretanto, além destas conseqüências tem vários outros efeitos crescentemente negativos na economia. Efeitos que se relacionam com o "abatimento" de atividade econômica prévia. Desde que a inflação é geralmente resultado de políticas erradas, governamentais; segundo Keynes, para aumentar a disponibilidade de moeda, pois a moeda TEM QUE SER REAL, dessa forma, a contribuição do governo para um ambiente inflacionário é vista como uma variação para mais ou para menos na chamada "taxa sobre a moeda em circulação", o "JURO", como controle ou COMANDO. Com o aumento ou diminuição da inflação; aumenta ou diminui, desse peso, sobre o dinheiro em circulação—isso por sua vez promove um aumento da velocidade, na fórmula de Keynes(vide obra), de circulação do dinheiro, mais precisamente ou econometricamente moeda, o que por sua vez reforça para mais ou para menos o processo inflacionário (veja teoria quantitativa da moeda) de Keynes, em um ciclo virtuoso ou vicioso, que pode levar à hiperinflação ou ao equilíbrio.
  • A crescente incerteza pode desestimular o investimento e a poupança.
  • Redistribuição
    • Haverá redistribuição da renda, que se transfere progressivamente daqueles com rendas fixas (locatários, por exemplo) para aqueles com rendas mais flexíveis.
    • De modo similar será beneficiado o indivíduo que emprestou dinheiro ou moeda, a uma taxa fixa, pois a política, como vimos acima é dinâmica, e será prejudicado, na figura do emprestador, que foi surpreendido pela inflação, muitas vezes se suicida, como em 1929.
  • Comércio exterior: se a taxa de inflação for maior do que a praticada em outros países, uma tarifa fixa de comércio será solapada pelo enfraquecimento da posição do país na balança comercial.
  • Aumento dos custos relativos a maior velocidade de circulação do dinheiro ou mais precisamente moeda(o exemplo simples é das pessoas que precisarão ir mais ao banco). Também devem ser considerados os custos, para empresas, da mudança continuada de preços (por exemplo, restaurantes que precisam constantemente refazer seus cardápios, ou cestas de aplicação financeira com vistas ao mundo real e não financeiro, com sua "ciranda").
  • hiperinflação: ou "ciranda"(vide processo hiperinflacionário da Nova República Brasileira(1985- 1995), onde, se a inflação ficar totalmente fora de controle, interfere pesadamente no funcionamento normal da economia; prejudicando sua capacidade REAL da oferta de bens.

Numa economia em que alguns setores são "indexados" ou "REALIZADOS ou CORRIGIDOS, quanto à inflação e outros não, ... - a inflação age como uma redistribuição em sentido dos setores indexados(O REAL, que verdadeiramente está crescendo) e afastando-se dos setores não-indexados(os FALSOS, super valorizados, uma vez que a Economia se apresenta INVERTIDA, procure entender usando Cálculo Matemático, em quadrantes diferentes de desenvolvimento Econômico).
Por conta destes efeitos nefastos(em quadrantes diferentes, usando-se Matemática e o Cálculo da Econometria), os bancos centrais costumam definir a estabilidade de preços como um objetivo primordial de suas políticas, com uma inflação perceptível, mas baixa, como ideal.
Por outro lado, segundo alguns economistas de formação heterodoxa, tais como Celso Furtado, a inflação não é um fenômeno meramente monetário: sua raiz está na questão distributiva, como Keynes também afirma, entre os grupos sociais de uma economia. Isto é, a inflação de preços é o meio pelo qual os grupos sociais ligados às atividades produtivas dispõem para ampliar a sua apropriação do acréscimo de renda criado no processo de crescimento econômico, levando a economia para novos equilíbrios distributivos entre esses grupos. Conforme o argumento de Furtado, se a inflação fosse um efeito meramente monetário e neutro em relação ao lado real da economia (o lado da produção de bens e serviços), sem afetar a distribuição de renda, o aumento generalizado de preços deveria ocorrer de forma proporcionalmente simétrico para todos os setores da economia e não é o que é empiricamente comprovado, defendendo a teoria de Keynes.

Medição da inflação
A medição da inflação é feita através de uma grandeza denominada núcleo da inflação: mede o que os economistas chamam de "coração da inflação". O Banco Central do Brasil utiliza o modelo de médias aparadas: ou seja, excluem-se as altas e baixas mais expressivas. Em outras palavras, todo o índice é bom, o segredo científico, da verdade científica está em não ficar mudando de indicador (palavras do Ministro Delfim Neto) pois mais cedo ou mais tarde será corrigido esse índice pelo levantamento científico dos valores, pelos órgão científicos competentes.
Um outro modelo é o utilizado pelo FED (o banco central americano): aqui, são excluídos do cálculo os preços de itens mais sujeitos a choques de custo, como alimentos e energia.

Histórico do Quadro Inflacionário no Brasil
Os índices de inflação no Brasil são medidos de duas maneiras. Uma, pelo INPC, aplicado a famílias de baixa renda (aquelas que tenham renda de um a oito salários mínimos). Outra, pelo IPCA, aplicado para famílias que recebem um montante de até quarenta salários mínimos.
No Brasil os índices de inflação são calculados por institutos de pesquisas econômicas, e não por contadores públicos independentes, separando como reza a boa pratica de governância, o gestor do avaliador. Nem tampouco são auditados por Auditores Independentes. Todas as tentativas de submeter estes índices de inflação a Auditoria Externa foram refutadas pelos economistas responsáveis por estes Institutos. Este fato aumenta o risco de se aplicar em títulos indexados, aumentando a taxa de juro real na economia brasileira. No período de 1964 a 1995, dizem que a ORTN(Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional, títulos públicos da dívida do Tesouro) foi manipulada praticamente todo ano, tendo em vista o prescrito na Constituição de 1946 (embutida na Constituição de 1967, que tinha além daquela Constituição de 1946, os Atos Institucionais, os AIs), e em que, os grandes sindicatos estratégicos da Economia Brasileira tinham força, nos estudos dos índices de preço levantados pelo DIEESE (Departamento Intersindical dos Empregados na Economia, dos Setores Estratégicos), além dos oficiais, da Fundação Getulio Vargas, "... os militares não eram tão independentes..." (existia uma ordem a zelar); atendo corrigido dessa forma tão e somente 12% da inflação do período, destruindo praticamente 88% da poupança nacional do período, o que, econometricamente calculando-se, tornou o "milagre", em termos reais, menor do que o esperado, pelo Ministro de Estado que comandava a Economia de então, o professor catedrático e econometrista da USP (Universidade de São Paulo), Antônio Delfim Neto; a quem muitos devem o chamado "Milagre Brasileiro", além dos co-autores: professor da Fundação Getulio Vargas Mário Henrique Simonsen e o engenheiro, com pós - doutorado em economia Roberto Campos, os chamados, então, os "Magos da Economia, pelos militares".

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Inflação de 2009 em Portugal - como andam nossos cumpadres

http://clarezanopensamento.blogspot.com/2010/01/inflacao-em-2009-os-numeros-finais.html

sexta-feira, 22 de Janeiro de 2010
Inflação em 2009: os números finais

O Instituto Nacional de Estatística (INE) publicou recentemente os valores da inflação relativos a Dezembro de 2009. Conhecendo-se assim o quadro final de evolução dos preços durante 2009, parece oportuno olhar para o mesmo e clarificar alguns valores.

Recorde-se que a inflação se mede pelo Índice de Preços no Consumidor (IPC), que é um indicador que mede a evolução, em termos relativos, do custo de um conjunto de bens e serviços (cabaz) considerado representativo da estrutura de consumo das famílias. Em Portugal o cabaz engloba mais de 1100 bens e serviços, repartidos por 12 classes.
O INE publica mensalmente três indicadores (taxas) de variação do IPC: a variação mensal (que compara o IPC de dois meses consecutivos), a variação homóloga (que compara o IPC de um mês com o IPC registado no mesmo mês do ano anterior) e a variação média dos últimos doze meses (que, medida para um determinado mês, compara a média do IPC mensal dos últimos doze meses com a média do IPC mensal dos doze meses imediatamente anteriores). Esta última taxa calculada para o mês de Dezembro de cada ano corresponde à chamada taxa de inflação anual, sendo por isso o indicador mais abrangente e o mais referenciado. Importa, pois, analisá-lo mais demoradamente.
O valor desta taxa para Dezembro de 2009 foi de -0,8%, resultante da comparação da média dos IPC dos 12 meses de 2009 (valor de 99,2) com a média dos IPC dos 12 meses de 2008 (valor de 100).
A inflação anual em Portugal foi, assim, de -0,8% em 2009 (em 2008 havia sido de 2,6%).
Este valor significa que em 2009 os preços caíram 0,8%, em média, relativamente a 2008. Ou, dizendo-o de outro modo, que aquilo que se comprava, em média, com 100 euros em 2008, custava, em média, 99,2 euros em 2009. Isto não significa que todos os preços tenham caído naquela dimensão. Relembre-se que o IPC é um indicador da variação dos preços mas em termos médios, podendo os preços dos vários bens e serviços evoluir de formas diversas. E foi o que aconteceu. Das 12 classes de bens e serviços que constituem o cabaz, os preços (em média) reduziram-se apenas em metade delas, registando-se acréscimos nas demais. As classes 1 (Produtos alimentares e bebidas não alcoólicas) e 7 (Transportes) foram aquelas em que os preços mais caíram, em média (-3,4% e -3,6%, respectivamente). Por seu lado, as classes 2 (Bebidas alcoólicas e tabaco) e 10 (Educação) foram as que registaram maiores aumentos médios anuais (3,3% e 3,5%, respectivamente).
Como indicador da inflação anual de 2009, esse valor será referenciado em situações diversas: na negociação/definição dos ajustamentos salariais, na formulação de medidas no quadro da segurança social, na avaliação da própria competitividade do país (pela comparação do crescimento dos preços a nível interno e externo), na formulação da política de preços, na actualização de valores (enquanto indicador de actualização em contratos, disposições administrativas e judiciais, …), etc.
Esta inflação (negativa) em 2009 traduz uma situação perfeitamente anormal na evolução dos preços em Portugal nos últimos anos. A crise com que as economias se têm confrontado, com a correspondente contracção da procura a nível global e a redução verificada nos preços do petróleo e das matérias primas não energéticas, ajudam a explicar aquela evolução.
Para 2010 prevê-se que a inflação volte a valores positivos (o Banco de Portugal estima 0,7%), num contexto de recuperação económica, a nível nacional e mundial, que se espera (e deseja).
Publicada por Joaquim Simões

sábado, 23 de janeiro de 2010

20 anos de Plano Cruzado

texto retirado da internet

http://bit.ly/8EAWKS

20 anos de Plano Cruzado

Como o fiasco do congelamento de preços de Sarney ainda dita os limites da política econômica de Lula e seu medo de crescer


Por IVAN MARTINS

Há exatos 20 anos, na semana passada, ganhava vida um dos maiores mitos da economia brasileira: o Plano Cruzado, que até hoje influência decisões econômicas em Brasília. Lançado em 28 de fevereiro de 1986, na frágil presidência de José Sarney, ele tinha por objetivo acabar com a inflação de 200% ao ano, na qual o País estava mais ou menos viciado. Copiado do Plano Austral argentino, o Cruzado foi um sucesso instantâneo. Mobilizou a sociedade, multiplicou a renda e deu a impressão de que se tinha domado a inflação num passe de mágica. Depois veio a ressaca. No espaço de um ano a inflação foi a zero, passou nove meses em torno de 2% e depois saltou a 7% ao mês. Quando o Brasil abriu o olho, havia escassez de mercadorias, polícia laçando boi no pasto e a inflação mensal rosnava de novo em 20%. Nesse patamar ela passou os próximos oito anos, até ser abatida pela combinação de astúcia e ortodoxia do Plano Real. “Aquilo foi um grande aprendizado”, avalia o economista Chico Lopes, um “cruzadeiro” de primeira hora que viria a integrar, mais tarde, a equipe do Real – em companhia de Pérsio Árida, André Lara Resende e Edmar Bacha, economistas que também estavam no time do Cruzado. “Sem as lições daquele fracasso, o sucesso do Real não teria sido possível.”

Passados 20 anos, o Plano Cruzado ainda está presente na cena brasileira. Seu principal protagonista está morto – o carismático ministro da Fazenda Dílson Funaro – mas, estranhamente, sobrevive pelo avesso em sucessores como Pedro Malan e Antônio Palocci. Depois do estilo voluntarioso e messiânico do industrial paulista, decidiu-se que ministros da Fazenda tinham de ser cinzentos, escorregadiços e ferozmente ortodoxos. O Brasil tornou-se acerbamente conservador em economia. O cruzado, lançado em 1986 como substituto “forte” do cruzeiro, não durou uma década. Foi substituído pelo real em 1994, que nasceu cercado pela obsessão anti-inflacionária. As taxas de juros escorchantes e a valorização forçada em relação ao dólar, que ainda hoje assombram a economia brasileira, são uma reação à leniência com que a moeda foi tratada no Plano Cruzado. Inflação nunca mais, a qualquer custo.

Fotos: Prensa Três

Fiscais do Sarney: Popularidade do Cruzado ensinou aos políticos o valor eleitoral da estabilidade da moeda


Vem do Cruzado a aversão da elite econômica a tudo que cheire a “populismo”. O congelamento de preços, combinado com o gatilho automático de reposição salarial, elevou a massa de salários em 30%. Ocorreu na economia uma injeção de US$ 30 bilhões que levou às compras milhões de brasileiros que antes estavam à margem do consumo. Extremamente positivo, esse momento de inclusão econômica em massa entrou nos manuais de economia como grande burrada. Foi
a época dos fiscais do Sarney, que fechavam no grito os supermercados remarcadores. Foi a época da farra do frango e do iogurte, que rapidamente degenerou em escassez e desorganização da produção. A lição, com tudo que ela tem de anti-popular, foi aprendida e entranhada – farra, agora, só de juros, que transferem renda do Estado para a elite e achatam o poder de compra da multidão. Crescimento acelerado, nunca mais. Se na época do Plano Cruzado a jovem equipe econômica morria de medo do Dieese e do ministro do Trabalho, Almir Pazzianoto, agora, em pleno governo do PT, são mínimas as considerações sobre “perdas salariais”. O Comitê de Política Monetária decide a taxa de juros de maneira olímpica e qualquer menção a incluir a sociedade no debate é rechaçada a pontapés. A política econômica decide-se em um círculo cada vez mais restrito de influências, que gravitam apenas em torno do mercado financeiro. Mesmo assim, de alguma forma, o Plano Cruzado resiste. “Ele está no imaginário das pessoas, mostrando a força eleitoral da estabilidade monetária”, diz o professor Bacha. Não é por outro motivo, diz ele, que Sarney é o ex-presidente mais popular da história recente. E não será por outra razão que o presidente Lula, assim como Fernando Henrique, delegou a política econômica a meia dúzia de fundamentalistas. Há 20 anos do Plano Cruzado, as lideranças brasileiras ainda não descobriram o que fazer com o País depois de debelar a inflação. Falta imaginação ao poder.

Origem e Evolução do Dinheiro

http://www.bcb.gov.br/?ORIGEMOEDA


Origem e Evolução do Dinheiro



Escambo

A moeda, como hoje a conhecemos, é o resultado de uma longa evolução.

No início não havia moeda. Praticava-se o escambo, simples troca de mercadoria por mercadoria, sem equivalência de valor.

Assim, quem pescasse mais peixe do que o necessário para si e seu grupo trocava este excesso com o de outra pessoa que, por exemplo, tivesse plantado e colhido mais milho do que fosse precisar. Esta elementar forma de comércio foi dominante no início da civilização, podendo ser encontrada, ainda hoje, entre povos de economia primitiva, em regiões onde, pelo difícil acesso, há escassez de meio circulante, e até em situações especiais, em que as pessoas envolvidas efetuam permuta de objetos sem a preocupação de sua equivalência de valor. Este é o caso, por exemplo, da criança que troca com o colega um brinquedo caro por outro de menor valor, que deseja muito.

•As mercadorias utilizadas para escambo geralmente se apresentam em estado natural, variando conforme as condições de meio ambiente e as atividades desenvolvidas pelo grupo, correspondendo a necessidades fundamentais de seus membros. Nesta forma de troca, no entanto, ocorrem dificuldades, por não haver uma medida comum de valor entre os elementos a serem permutados.


•Moeda-Mercadoria

•Algumas mercadorias, pela sua utilidade, passaram a ser mais procuradas do que outras.

•Aceitas por todos, assumiram a função de moeda, circulando como elemento trocado por outros produtos e servindo para avaliar-lhes o valor. Eram as moedas–mercadorias.


O gado, principalmente o bovino, foi dos mais utilizados; apresentava vantagens de locomoção própria, reprodução e prestação de serviços, embora ocorresse o risco de doenças e da morte.

•O sal foi outra moeda–mercadoria; de difícil obtenção, principalmente no interior dos continentes, era muito utilizado na conservação de alimentos. Ambas deixaram marca de sua função como instrumento de troca em nosso vocabulário, pois, até hoje, empregamos palavras como pecúnia (dinheiro) e pecúlio (dinheiro acumulado) derivadas da palavra latina pecus (gado). A palavra capital (patrimônio) vem do latim capita (cabeça). Da mesma forma, a palavra salário (remuneração, normalmente em dinheiro, devida pelo empregador em face do serviço do empregado) tem como origem a utilização do sal, em Roma, para o pagamento de serviços prestados.

•No Brasil, entre outras, circularam o cauri – trazido pelo escravo africano –, o pau-brasil, o açúcar, o cacau, o tabaco e o pano, trocado no Maranhão, no século XVII, devido à quase inexistência de numerário, sendo comercializado sob a forma de novelos, meadas e tecidos.

Com o passar do tempo, as mercadorias se tornaram inconvenientes às transações comerciais, devido à oscilação de seu valor, pelo fato de não serem fracionáveis e por serem facilmente perecíveis, não permitindo o acúmulo de riquezas.

Metal

Quando o homem descobriu o metal, logo passou a utilizá-lo para fabricar seus utensílios e armas anteriormente feitos de pedra.

Por apresentar vantagens como a possibilidade de entesouramento, divisibilidade, raridade, facilidade de transporte e beleza, o metal se elegeu como principal padrão de valor. Era trocado sob as formas mais diversas. A princípio, em seu estado natural, depois sob a forma de barras e, ainda, sob a forma de objetos, como anéis, braceletes etc.

O metal comercializado dessa forma exigia aferição de peso e avaliação de seu grau de pureza a cada troca. Mais tarde, ganhou forma definida e peso determinado, recebendo marca indicativa de valor, que também apontava o responsável pela sua emissão. Essa medida agilizou as transações, dispensando a pesagem e permitindo a imediata identificação da quantidade de metal oferecida para troca.


Moeda em Formato de Objetos



Os utensílios de metal passaram a ser mercadorias muito apreciadas.

Como sua produção exigia, além do domínio das técnicas de fundição, o conhecimento dos locais onde o metal poderia ser encontrado, essa tarefa, naturalmente, não estava ao alcance de todos.

A valorização, cada vez maior, destes instrumentos levou à sua utilização como moeda e ao aparecimento de réplicas de objetos metálicos, em pequenas dimensões, que circulavam como dinheiro.

É o caso das moedas faca e chave que eram encontradas no Oriente e do talento, moeda de cobre ou bronze, com o formato de pele de animal, que circulou na Grécia e em Chipre.


Moedas Antigas

Surgem, então, no século VII a.C., as primeiras moedas com características das atuais: são pequenas peças de metal com peso e valor definidos e com a impressão do cunho oficial, isto é, a marca de quem as emitiu e garante o seu valor.

São cunhadas na Grécia moedas de prata e, na Lídia, são utilizados pequenos lingotes ovais de uma liga de ouro e prata chamada eletro.

As moedas refletem a mentalidade de um povo e de sua época. Nelas podem ser observados aspectos políticos, econômicos, tecnológicos e culturais. É pelas impressões encontradas nas moedas que conhecemos, hoje, a efígie de personalidades que viveram há muitos séculos. Provavelmente, a primeira figura histórica a ter sua efígie registrada numa moeda foi Alexandre, o Grande, da Macedônia, por volta do ano 330 a.C.

A princípio, as peças eram fabricadas por processos manuais muito rudimentares e tinham seus bordos irregulares, não sendo, como hoje, peças absolutamente iguais umas às outras.


Ouro, Prata e Cobre

Os primeiros metais utilizados na cunhagem de moedas foram o ouro e a prata. O emprego destes metais se impôs, não só pela sua raridade, beleza, imunidade à corrosão e valor econômico, mas também por antigos costumes religiosos. Nos primórdios da civilização, os sacerdotes da Babilônia, estudiosos de astronomia, ensinavam ao povo a existência de estreita ligação entre o ouro e o Sol, a prata e a Lua. Isto levou à crença no poder mágico destes metais e no dos objetos com eles confeccionados.

A cunhagem de moedas em ouro e prata se manteve durante muitos séculos, sendo as peças garantidas por seu valor intrínseco, isto é, pelo valor comercial do metal utilizado na sua confecção. Assim, uma moeda na qual haviam sido utilizados vinte gramas de ouro, era trocada por mercadorias neste mesmo valor.

Durante muitos séculos os países cunharam em ouro suas moedas de maior valor, reservando a prata e o cobre para os valores menores. Estes sistemas se mantiveram até o final do século passado, quando o cuproníquel e, posteriormente, outras ligas metálicas passaram a ser muito empregados, passando a moeda a circular pelo seu valor extrínseco, isto é, pelo valor gravado em sua face, que independe do metal nela contido.

Com o advento do papel-moeda a cunhagem de moedas metálicas ficou restrita a valores inferiores, necessários para troco. Dentro desta nova função, a durabilidade passou a ser a qualidade mais necessária à moeda. Surgem, em grande diversidade, as ligas modernas, produzidas para suportar a alta rotatividade do numerário de troco.


Moeda de Papel

Na Idade Média, surgiu o costume de se guardarem os valores com um ourives, pessoa que negociava objetos de ouro e prata. Este, como garantia, entregava um recibo. Com o tempo, esses recibos passaram a ser utilizados para efetuar pagamentos, circulando de mão em mão e dando origem à moeda de papel.

No Brasil, os primeiros bilhetes de banco, precursores das cédulas atuais, foram lançados pelo Banco do Brasil, em 1810. Tinham seu valor preenchido à mão, tal como, hoje, fazemos com os cheques.

Com o tempo, da mesma forma ocorrida com as moedas, os governos passaram a conduzir a emissão de cédulas, controlando as falsificações e garantindo o poder de pagamento.

Atualmente quase todos os países possuem seus bancos centrais, encarregados das emissões de cédulas e moedas.

A moeda de papel evoluiu quanto à técnica utilizada na sua impressão. Hoje a confecção de cédulas utiliza papel especialmente preparado e diversos processos de impressão que se complementam, dando ao produto final grande margem de segurança e condições de durabilidade.



Formatos Diversos

O dinheiro variou muito, em seu aspecto físico, ao longo dos séculos.

As moedas já se apresentaram em tamanhos ínfimos, como o stater, que circulou em Aradus, Fenícia, atingindo também grandes dimensões como as do dáler, peça de cobre na Suécia, no século XVII.

Embora, hoje, a forma circular seja adotada em quase todo o mundo, já existiram moedas ovais, quadradas, poligonais etc. Foram, também, cunhadas em materiais não metálicos diversos, como madeira, couro e até porcelana. Moedas de porcelana circularam, neste século, na Alemanha, quando, por causa da guerra, este país enfrentava grave crise econômica.

As cédulas, geralmente, se apresentam no formato retangular e no sentido horizontal, observando-se, no entanto, grande variedade de tamanhos. Existem, ainda, cédulas quadradas e até as que têm suas inscrições no sentido vertical.

As cédulas retratam a cultura do país emissor e nelas podem-se observar motivos característicos muito interessantes como paisagens, tipos humanos, fauna e flora, monumentos de arquitetura antiga e contemporânea, líderes políticos, cenas históricas etc.

As cédulas apresentam, ainda, inscrições, geralmente na língua oficial do país, embora em muitas delas se encontre, também, as mesmas inscrições em outros idiomas. Essas inscrições, quase sempre em inglês, visam a dar à peça leitura para maior número de pessoas.


Sistema Monetário

O conjunto de cédulas e moedas utilizadas por um país forma o seu sistema monetário. Este sistema, regulado através de legislação própria, é organizado a partir de um valor que lhe serve de base e que é sua unidade monetária.

Atualmente, quase todos os países utilizam o sistema monetário de base centesimal, no qual a moeda divisionária da unidade representa um centésimo de seu valor.

•Normalmente os valores mais altos são expressos em cédulas e os valores menores em moedas. Atualmente a tendência mundial é no sentido de se suprirem as despesas diárias com moedas. As ligas metálicas modernas proporcionam às moedas durabilidade muito superior à das cédulas, tornando-as mais apropriadas à intensa rotatividade do dinheiro de troco.
•Os países, através de seus bancos centrais, controlam e garantem as emissões de dinheiro. O conjunto de moedas e cédulas em circulação, chamado meio circulante, é constantemente renovado através de processo de saneamento, que consiste na substituição das cédulas gastas e rasgadas.

•Com a supressão da conversibilidade das cédulas e moedas em metal precioso, o dinheiro cada vez mais se desmaterializa, assumindo formas abstratas.

Esse documento, pelo qual se ordena o pagamento de certa quantia ao seu portador ou à pessoa nele citada, visa, primordialmente, à movimentação dos depósitos bancários.

O importante papel que esse meio de pagamento ocupa, hoje, na economia, deve-se às inúmeras vantagens que proporciona, agilizando a movimentação de grandes somas, impedindo o entesouramento do dinheiro em espécie e diminuindo a necessidade de troco, por ser um papel preenchido à mão, com a quantia de que se quer dispor.

O dinheiro, seja em que forma se apresente, não vale por si, mas pelas mercadorias e serviços que pode comprar. É uma espécie de título que dá a seu portador a faculdade de se considerar credor da sociedade e de usufruir, através do poder de compra, de todas as conquistas do homem moderno.

A moeda não foi, pois, genialmente inventada, mas surgiu de uma necessidade e sua evolução reflete, a cada momento, a vontade do homem de adequar seu instrumento monetário à realidade de sua economia.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010


INAUGURAÇÃO DO MUSEU

Sejam bem vindo ao MUSEU DA INFLAÇÃO

EM BREVE TEREMOS NOSSA PRIMEIRA EXPOSIÇÃO


sugestão: visualize o museu com foco de 125%